Apesar de termos sido colonizados por portugueses, que fatores levaram a língua do conquistador a não sobrepor instantaneamente a dos indígenas?
Resposta - A língua do colonizador não sobrepôs a dos silvícolas, prevalecendo o Tupi, pelos seguintes motivos: eram freqüentes os casamentos de brancos com índias, e a mãe, encarregada da criação dos filhos caboclos ou mamelucos, ensinava-lhes a língua indígena; os missionários jesuítas estudaram a língua indígena para os converter ao Catolicismo; as Bandeiras e seus guias indígenas também expandiram seu uso.
Inicialmente, que fator fez com que a língua do conquistador acabasse por suplantar a língua dos indígenas?
Resposta - A vinda de famílias de imigrantes e também a determinação do Marquês de Pombal em torna a Língua Portuguesa obrigatória nas escolas e fora delas, foram os primeiros motivos que fizeram a Língua Portuguesa se estabelecer e suplantar as línguas nativas.
O que levou a capital do Reino a se tornar o modelo de língua para o restante dos brasileiros?
Resposta - O grande contingente de falantes vindos da Metrópole européia (junto à Família Real, vieram cerca de 16.000 pessoas e, em pouco tempo, já eram 25.000), trazia hábitos lingüísticos já registrados em gramáticas da época, traduzindo uma consciência lingüística de variedade prestigiada da língua.
Comente quais foram as contribuições dadas pela Literatura Brasileira para que houvesse a ruptura com a linguagem lusitana utilizada no Brasil? E que movimentos literários e autores foram fonte inspiradora dessa transformação até a primeira metade do século XX ?
Resposta - Com a nossa independência política (1822) inicia-se uma busca de identidade cultural própria, da qual a língua fazia parte. Escritores do Romantismo como José de Alencar e Gonçalves Dias contribuíram para a gênese de um estilo brasileiro em Língua Portuguesa.
Na primeira metade do século XX, a ruptura foi ainda maior. O Modernismo teve início com ataques diretos à língua culta estabelecida. Dentre os principais autores, pode-se destacar Mário de Andrade, com sua obra "Macunaíma", onde relata sua estranheza ao constatar que, "nessa terra, fala-se numa língua e escreve-se em outra". Outro autor importante foi Oswald de Andrade, que também defendeu uma coloquialidade maior com seu poema "Pronominais".
A partir do Modernismo, a consolidação de um uso brasileiro sem tutelas de gramáticos lusitanos vai se firmando na Literatura e na língua escrita culta. Aumenta a influência da língua falada na língua escrita, contudo, até os dias de hoje, ainda conservamos um certo respeito às tradições gramaticais portuguesas.
Comente os fatores que levaram o Brasil a se desenvolver tão lentamente no campo da Educação.
Resposta - Uma das causas do nosso atraso e precariedade em Educação é de natureza histórica. Os portugueses somente enxergavam o Brasil como "a galinha dos ovos de ouro" ou uma conquista a ser desfrutada, não se preocuparam em implantar o modelo de organização social e cultural existente na Metrópole. Os reflexos desse início de ocupação territorial manifestaram-se no ensino da língua, que foi improvisado, até a criação tardia de nossas primeiras faculdades de Letras. As poucas escolas implantadas em nosso território não foi iniciativa de Portugal, mas de ordens religiosas, através dos Jesuítas, que não visavam à nossa educação, mas como a língua poderia servir de veículo à propagação do Catolicismo.
Explique como se iniciaram, nesse período, as variedades lingüísticas no Brasil.
Resposta - Através dos brasileiros pertencentes à classe dominante e educados nas Universidades portuguesas, cristalizou-se uma concepção de "língua pura", "correta". Esses falantes instruídos praticavam a língua baseada na escrita e contida nos compêndios gramaticais. Em contrapartida, o país tinha uma massa de falantes analfabetos, ou quase, que se expressava no português trazido pelos primeiros colonos e que foi incorporando hábitos lingüísticos dos indígenas (ex: pitanga, maracanã, piranha) e dos africanos (ex: bangu, dengue, marimbondo).
Faça um resumo relatando as mudanças ocorridas nas formas de pensar sobre o ensino da Língua Portuguesa no Brasil.
Resposta - Antes da década de 30, o professor de Português não possuía formação acadêmica em Letras, era recrutado entre advogados, padres e outras pessoas letradas.
A partir da década de 60, o MEC passou a exigir formação específica ao professor de Português e Literatura. Contudo, este refletia sua formação na concepção de língua da classe dominante (concepção certo/errado).
Sabe-se que a escola continua sendo a guardiã dos valores sociais, inclusive a língua culta. O domínio de tal modalidade assegura privilégios de natureza profissional, cultural e social e deve ser a principal preocupação do professor de Português. Entretanto, ele deve estender sua atenção a outras variações a que a língua está sujeita. Ao lado da rigidez gramatical, a língua do dia-a-dia teve percurso menos conservador, principalmente a língua falada. A televisão, as rádios e o teatro contribuíram bastante. A língua escrita também tem evoluído de um padrão totalmente normativo para uma linguagem mais coloquial, haja vista a linguagem publicitária, que transgride padrões gramaticais deliberadamente, para assim alcançar efeito mais expressivo.