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Educação e Meio Ambiente

DEFINIÇÕES SOBRE EDUCAÇÃO AMBIENTAL

 

Deveras, toda Educação é Ambiental. Não há como existir Educação que não seja Ambiental, pois há uma ligação visceral entre as duas. Sem a dimensão ambiental, a educação perde parte de sua natureza íntima e pouco pode colaborar para a contiguidade da vida humana.

 

Não pretendo asseverar, com esse pensamento, que a Educação não traga de reboque as políticas governamentais, onde encontramos dificuldades até de formar cidadãos, quanto mais enraizar consciências ambientais. Não cabem mais visagens simplórias de conteúdos ambientais, mas sim destacar as grandezas já existentes na Educação em geral.

 

A educação encontra-se intrinsecamente unida ao processo social, por isso, não há como se pensar em Educação apartada das sociedades humanas. Homens não vivem em ilhas desertas. Entrementes, no contexto brasileiro, estamos diante de uma ação ordenada educacional tradicional e tecnicista que não se pode qualificar nem de cidadã, muito menos de ambiental. O sistema educacional está contaminado por interesses que pretendem manter o perverso sistema de classes, um verdadeiro estorvo à educação libertadora.

 

Toda essa consciência não impede a reflexão acerca de que toda Educação não pode prescindir da dimensão ambiental, haja vista que "nenhuma educação está completa até que se tenha um conceito de natureza" (GRÜN, 1994: p. 187 apud CARAVALHO, 2002: p. 37). A própria legislação brasileira dispõe que a educação tem por finalidade "o pleno desenvolvimento do educando para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho" (art. 2°, Lei 9394/96, LDB). Então cabe a pergunta: como educar para a cidadania e para o trabalho sem levar em conta o próprio ambiente onde se vive?

 

Cumpre-se obtemperar que a Educação Ambiental não é panacéia. Assim como a Educação pode servir como instrumento de domínio, malsinação, segregação e condicionamento, a Educação Ambiental, se for mal utilizada, pode esconder uma série de objetivos escusos (consumismo desenfreado das mercadorias verdes; favorecimento de importação de tecnologias prejudiciais ao nosso meio ambiente, etc).

 

Pactuando com o entendimento de que toda Educação é Ambiental, posto que se amalgamam em uma só realidade educativa, infere-se que ambas, na verdade, são dois lados da mesma moeda, muito embora a Educação Ambiental possua suas características próprias e singulares. Essa distinção reside no fato de que a Educação Ambiental aspira a chamar atenção de todos os habitantes do planeta para os problemas pertencentes a todos, lançando mão de ações que impulsionem uma tomada de consciência e demonstrando que a ruína do meio ambiente significa a autodestruição de raça humana. Mister se faz uma nova postura ética solidária, que valorize o exercício da cidadania e se caracterize através de posturas participativas e apropriadas à manutenção de um meio ambiente equânime, estável e salubre. Não importa se herdamos um mundo pior do que tiveram nossos pais, o importante é que devemos tentar transmitir um mundo melhor aos nossos filhos e netos.

 

Existem inúmeras tentativas de definir a educação ambiental com centenas de páginas escritas. Trata-se de um tema que tem evoluído bastante por meio de pesquisa empíricas e acadêmicas. De Tbilisi–1977 até a Rio-1992, existem definições oficiais, extraoficiais, coletivas e individuais produzidas e reproduzidas. Palavras como cidadania, conscientização, participação, solidariedade, participação, multidisciplinaridade, interdisciplinaridade, sustentabilidade, transdisciplinaridade, transversalidade, dentre outras, fazem parte do seu léxico e vêm tecendo suas redes de significados. Desta forma, pode-se dizer que existe uma narrativa própria da Educação Ambiental, uma sequência de eventos, acontecimentos, envolvendo os atores sociais que lhe são inerentes.

 

A educação Ambiental está fundamentada em bases pedagógicas, haja vista estar visceralmente unida à dimensão da própria Educação, conforme já foi visto acima, muito embora sua conexão com conceitos e teorias de ciência ecológica foi, desde sua origem, seu eixo norteador, com uma forte matriz no ambientalismo. Mais tarde, suas bases ficaram relacionadas com as ciência ambientais, que têm uma forte tradição explicativa proveniente das ciências naturais. Daí o enfoque naturalístico que predomina na narrativa da Educação Ambiental.

 

Aí, talvez, esteja o grande nó da rede de relações que constitui o conhecimento da Educação Ambiental, toda a sua complexidade, que não se situa, não se define por nenhum campo específico, das ciências naturais, das ciências sociais ou humanas, mas na confluência destes, no seu próprio campo de estudo.

 

Na definição oficial de Educação Ambiental, do Ministério do Meio Ambiente: “Educação ambiental é um processo permanente, no qual os indivíduos e a comunidade tomam consciência do seu meio ambiente e adquirem conhecimentos, valores, habilidades, experiências e determinação que os tornam aptos a agir – individual e coletivamente – e resolver problemas ambientais presentes e futuros”.

 

De acordo com o conceito de Educação Ambiental definido pela comissão interministerial na preparação da ECO-92 " A educação ambiental se caracteriza por incorporar as dimensões sócio-econômica, política, cultural e histórica, não podendo se basear em pautas rígidas e de aplicação universal, devendo considerar as condições e estágios de cada país, região e comunidade, sob uma perspectiva histórica. Assim sendo, a Educação Ambiental deve permitir a compreensão da natureza complexa do meio ambiente e interpretar a interdependência entre os diversos elementos que conformam o ambiente, com vistas a utilizar racionalmente os recursos do meio na satisfação material e espiritual da sociedade, no presente e no futuro."

 

A Lei Federal nº 9.795/99, em seu art. 1°, define a Educação Ambiental como “o processo por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem  valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade”

 

Segundo a lição sempre precisa do prof. Vilson Sérgio de Carvalho, “o diferencial da Educação Ambiental se define por um processo de despertar a atenção de todos os povos e de todos os cidadãos do mundo para problemas comuns, tanto a nível local, quanto a nível global, através de ações que promovam uma tomada de consciência, alertando-os de que a destruição do meio ambiente significa para a raça humana sua autodestruição”.

 

Segundo nossa modesta opinião, e para cumprir exigência acerca da definição ora exigida, atrevemo-nos a conceituar Educação Ambiental como sendo um processo que leva em consideração um circunstanciado ânimo de reconquista de realidades e que afiança um comprometimento com o futuro. Dispõe acerca do reconhecimento de valores e do deslinde de conceitos com o fito de formar habilidades e aptidões necessárias à compreensão e à apreciação da conexão entre o homem, sua cultura e seu meio circundante. Não deve ser vislumbrado como um tipo especial de educação, uma disciplina à parte, mas um processo duradouro e ininterrupto de trabalho participativo em que mister se faz o envolvimento de todos.

 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

ADAMS, Berenice GehlenO que é Educação Ambiental? Disponível em: https://www.apoema.com.br/geral.htm. Acessado em: 08 de fevereiro de 2011.

 

CARVALHO, Vilson Sérgio de. Caderno de Estudo: Educação e Meio Ambiente. AVM (Instituto A Vez do Mestre), Rio de Janeiro, 2011.

 

CARVALHO, Vilson Sérgio de. Educação Ambiental & Desenvolvimento Comunitário.  Rio de Janeiro: Wak Editora, 2002.

 

TRISTÃO, Martha. A educação Ambiental na Formação de Professores: Rede de Saberes. São Paulo: Annablume Editora, 2004.

 


 

REFLEXÕES SOBRE A RELAÇÃO ENTRE A CRISE DE VALORES ATUAL E CRISE ECOLÓGICA QUE O PLANETA ATRAVESSA.

 

É notório que o mundo contemporâneo baseia-se em um modelo de desenvolvimento que privilegia os interesses dos grandes grupos econômicos. A mídia estimula posturas consumistas e individualistas, introduzindo a valorização de produtos e serviços, em sua maioria irrelevante à nossa sobrevivência. Não há como negar que a modernidade permitiu ao homem melhores condições de sobrevivência, entretanto, mister se faz refletir , discutir e avaliar o preço pago pela maior parcela da população e as consequências impostas ao meio ambiente nesse mundo dominado pelas tecnologias.

 

Refletindo sobre a relação entre a crise de valores atual e crise ecológica que o planeta atravessa, cumpre-se ressaltar que não se pode compactuar com uma sociedade que estabelece um padrão de desenvolvimento que prioriza o crescimento contínuo sem levar em conta os impactos ambientais causados pelo mesmo. É necessário que se encontre um modelo de desenvolvimento que atenda às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem as suas próprias necessidades.

 

Não é difícil perceber que o homem moderno, na sua prepotência, é capaz de afirmar que o domínio da tecnologia será a “pedra fundamental” para a resolução dos problemas ambientais, numa abordagem conhecida como ecotecnicista. O modelo norte-americano traduziu um exemplo de desenvolvimento a ser seguido por outros países, os que não se enquadrassem nesse modelo estariam fadados ao arcaísmo.

 

O referido modelo atende apenas às grandes potências mundiais, uma vez que detém os recursos financeiros e consequentemente o poderio tecnológico. Ele envolve os países ditos em desenvolvimento, comprometendo-os economicamente e garantindo assim uma dependência contínua. É uma forma de monitorar nossas ações e manipular nossos recursos.

 

A ideia de desenvolvimento de “tecnologias limpas”, relativas ao meio ambiente é no mínimo uma excrescência do sistema. Podemos degradar e poluir, pois temos a capacidade de implementar soluções tecnológicas para recuperação desses ambientas impactados! Na verdade, há uma retórica por parte dos grandes grupos capitalistas, de programar uma nova ótica para o desenvolvimento econômico, porém continuar com a mesma política maquiada agora com uma proposta de utilização dos recursos do meio ambiente. Infere-se, no mínimo, preocupante.

 

É bom que se retrate logo de início que uma visão honesta de meio ambiente equilibrado e preservado depende de justiça social. Há a nítida fundamentação de que os problemas ambientais perpassam também por questões sociais, portanto não podemos analisar tais situações sem pensar na realidade vivenciada pelos povos dos países ditos subdesenvolvidos.

 

Da mesma forma, a proposta de desenvolvimento sustentável do primeiro mundo apresenta uma abordagem perigosa, pois está inspirada nas diferentes formas de exploração dos recursos naturais, na implementação de tecnologias “limpas” e na mudança de manejo do meio ambiente, mas não contempla pontos fundamentais como: exploração de mão-de-obra; discrepância entre as classes dominantes e as menos favorecidas e o atual nível de espoliação ambiental imputado pelos países desenvolvidos. O novo modelo proposto, na verdade, representa o antigo modelo de desenvolvimento com uma proposta camuflada, onde as grandes indústrias multinacionais assumem uma nova postura sem modificar a estrutura de funcionamento, com isso ganham a simpatia da sociedade pela adoção de “pacotes ecológicos”, porém, a essência continua a mesma.

 

Por outro lado, ao longo das discussões sobre a conceituação de Educação Ambiental que observamos em nossa disciplina, podemos destacar diversas vertentes de abordagem. Para alguns autores, Educação Ambiental seria o processo pelo qual deveria ocorrer um desenvolvimento progressivo de um senso de preocupação com o meio ambiente, baseado num completo e sensível entendimento das relações do homem com o ambiente a sua volta. Para outros, a Educação Ambiental retrataria o processo de reconhecimento de valores e de esclarecimentos de conceitos que permitam o desenvolvimento de habilidades e atitudes necessárias para entender e apreciar as interpretações entre o homem, sua cultura e seu ambiente. Ambas atrelam a conceituação de Educação Ambiental às representações de meio ambiente que tinham como pressupostos os apelos físicos, químicos e biológicos. Estas concepções teóricas de Educação Ambiental estão intrinsecamente relacionadas às conceituações de meio ambiente como recurso natural que, por sua vez, influencia práticas preservacionistas.

 

A proposta que defendemos, nesta modesta pesquisa, está pautada numa Educação Ambiental crítica, transformadora e interdisciplinar, onde os problemas ambientais das sociedades devem ser visualizados com enfoques sociais, políticos e econômicos, numa estreita relação entre o modelo de desenvolvimento sustentável e as consequências dessa postura. Infere-se que Meio Ambiente deve ser entendido numa percepção socioambiental, reconhecendo a interdependência entre os meios natural e artificial e que o homem deve incorporar as dimensões socioculturais, econômicas e valores éticos para compreender e utilizar os recursos naturais na melhoria de sua qualidade de vida.

 

A discussão sobre as possíveis propostas ou alternativas pedagógicas de Educação Ambiental poderia ser interminável. Destarte, conclui-se que é do confrontamento e do diálogo entre as diferentes propostas em andamento que poderão surgir novas e criativas formas de convivência entre os homens e as demais formas de vida e de existências atuais e futuras. Uma Educação Ambiental comprometida sinceramente com a construção de cidadania planetária não poderá prescindir das diferentes vozes e silêncios, venham de onde vierem. Por mais estranhos que nos pareçam, merecem ser discutidos a partir de critérios de paz, solidariedade, justiça social, fraternidade, democracia, amor e ecologia.

 

CARVALHO, Vilson Sérgio de. Educação Ambiental & Desenvolvimento Comunitário.  Rio de Janeiro: Wak Editora, 2002.

 

__________________________.  Caderno de Estudo: Educação e Meio Ambiente. AVM (Instituto A Vez do Mestre), Rio de Janeiro, 2011.

 

FILHO, Ciro Marcondes. Sociedade Tecnológica. São Paulo: Editora Scipione, 1994.

 

PENA, Carlos Gabaglia. O Estado do Planeta: sociedade de consumo e degradação ambiental. Rio de janeiro: Record, 1999.

 


 

CAMPOS DE AÇÃO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL

 

O âmbito de atuação da Educação Ambiental Formal (ou Institucional) revela-se como um processo institucionalizado que ocorre nas unidades de ensino, públicas e privadas, englobando: educação básica (educação infantil, ensino fundamental e ensino médio), também na educação superior, na educação especial, na educação profissional e na educação de jovens e adultos. Há um currículo ordenado com um propósito singular bem definido e mecanismos avaliativos. Na esfera da educação ambiental, o trabalho nesse âmbito é o que mais se observa e realiza-se de fato com professores e alunos numa postura interdisciplinar que sobreleva a participação dos alunos no processo de aprendizagem e cujo objeto pedagógico concentra-se nos problemas objetivos de suas realidades.

 

Neste âmbito de ação, contempla-se desde o intróito dos conceitos ambientais nas disciplinas tradicionais, até a integração total em torno de um projeto de ação comunitária, passando pela convergência de disciplinas que possuem certas afinidades teóricas e metodológicas. Infere-se que o fomento da Educação Ambiental em todos os níveis de ensino deve ser imperioso, se realmente se intenta semear na mente humana, desde os primeiros anos de vida, o germe do apreço e da integração ambiental. Mas, para que isso aconteça, há necessidade da formação continuada para os professores sobre a questão ambiental, porque sem conhecimento, seremos apenas reprodutores do processo.

 

Apenas a título de exemplo, pode-se citar algumas ações com finalidade socioambiental que devem ser implementadas nas instituições de ensino: projetos interdisciplinares com preocupação ambiental; atividades relacionadas aos desafios socioambientais (água, lixo, queimadas, violência, etc.); cursos de formação e aperfeiçoamento na área ambiental para alunos e professores; palestras; vistas a áreas de preservação ambiental, dentre outras.

 

Já os professores devem realizar estratégias que visem granjear a simpatia e o interesse dos alunos às causas ambientais, tais como: desenvolver dramatizações teatrais, jogos, músicas e dinâmicas de grupo (atividades lúdicas); concursos literários sobre o tema ambiental; formar grupos para o plantio de árvores, hortas, jardins, bonsai; introdução ao estudo da aquariofilia, piscicultura e ictiologia, com visitas à criadores profissionais e amadores, etc.

 

Cabe lembrar, que devido a sua abordagem holística e integradora, a educação Ambiental deve ser tratada nas escolas como tema transversal, conforme definido nos PCNs.

 

Hodiernamente, além das instituições escolares, a Educação Ambiental tem sido promovida em algumas empresas, que enristam na qualidade de vida de seus funcionários ou tomam para si a responsabilidade social, como é caso da política de Meio Ambiente da Empresa “Natura Cosméticos”, que busca disseminar a cultura da responsabilidade ambiental, individual e coletiva, entre colaboradores, equipes de vendas, fornecedores, prestadores de serviços e consumidores. Capacita colaboradores para a prática da sustentabilidade nas atividades profissionais e estende esse compromisso às parcerias com fornecedores, inclusive por meio de cláusulas contratuais. Desenvolve ações de educação ambiental e treinamento sobre a prática da responsabilidade ambiental para colaboradores, estimulando o debate; promove campanhas internas dirigidas a familiares de colaboradores e à comunidade do entorno imediato da empresa; e participa ou apoia projetos e programas de educação ambiental voltados para a sociedade em geral.

 

Infelizmente, na seara organizacional, muitas das propostas em Educação Ambiental se confundem com programas de segurança no trabalho, processos seletivos, grupos de trabalho, programas de integração, organização de trabalho em função da relação homem-máquina (ergonomia). Embora esses programas contenham componentes ambientais, isso não significa que sejam Educação Ambiental. Para que um projeto tenha essa designação, mister se faz que ocorram algumas condições: compreender o Meio Ambiente em sentido amplo, em suas diferentes manifestações, capacitar pessoas aptas a intervir em diferentes espaços pela promoção e valorização da vida; entendimento crítico e histórico das relações entre educação, sociedade, trabalho e Meio Ambiente.

 

O âmbito de atuação da Educação Ambiental Não Formal, é aquele que se volta para o espaço da rua, da comunidade em geral, abrangendo diversas instituições (igrejas, escolas, associações de moradores, grupos de rua, etc.), ou seja, a sociedade civil organizada em suas múltiplas expressões. Exercida normalmente por Organizações Não-Governamentais (ONGs), empresas, secretarias de governo. Como não se trabalha com uma instituição em particular, não existe nesse nível uma organização e um planejamento fechado com regras definidas. São ações e práticas educativas voltadas à sensibilização da coletividade sobre as questões ambientais. Muitas das estratégias anteriores (âmbito formal) servem a este campo de ação, desde que entendidas numa visão comunitária.

 

A comunidade é o foco do trabalho de Educação Não Formal (grupo de indivíduos que vivem em comum e que tentar sobreviver em determinada localidade), onde se pretende exercer uma educação libertadora e popular. Fora do espaço curricular, pode-se realizar uma série de atividades não formais, tais como: campanhas, palestras, encontros, reuniões, dentre outros programas mais sistematizados de trabalho com comunidades.

 

No Brasil, existem poucos recursos disponíveis para o trabalho de Educação Ambiental no ensino não formal. Nas unidades federais de conservação (parques e reservas) são poucos os programas educacionais já que a maioria dos poucos recursos são utilizados na fiscalização e não da educação da população. Isso se deve principalmente à falta de documentação de projetos bem desenvolvidos, que demonstrem a eficácia de tais trabalhos quando comparados aos seus custos.

 

Outrossim, por exigirem tempo, considerando a comunidade como um todo, num trabalho em conjunto com as diversas unidades vitais que a compõem (comércio local, associações, clubes, escolas, igrejas, virtuais), os projetos de Educação Ambiental nesse âmbito, tem ficado bastante prejudicado.

 

Quanto ao âmbito de atuação da Educação Ambiental Informal, pode-se dizer que processa-se através de meios informais de comunicação de massa como jornais, panfletos, cartas, cartazes, filmes, programas radiofônicos e televisivos, materializando-se em debates, palestras, entrevistas, encontros, leituras podendo ocorrer através de diversos acontecimentos em qualquer espaço social, mas sem compromisso com a continuidade. Apesar dos inquestionáveis resultados, a questão do trabalho educativo nesse campo de ação é dificultada pela impossibilidade de uma avaliação segura dos resultados obtidos.  Normalmente, esse âmbito de trabalho é realizado como auxiliar dos dois modelos supracitados.

 

Analisados os três âmbitos de atuação da Educação Ambiental (Formal, Não Formal e Informal), pode-se dizer que houve uma maior identificação com a “Não Formal” - “as ações e práticas educativas voltadas à sensibilização da coletividade sobre as questões ambientais e à sua organização e participação na defesa da qualidade do meio ambiente” (Lei 9.795/1999, artigo 13).

 

Várias atividades em Educação Ambiental na esfera “não formal” têm sido estabelecidas como Projeto Tamar, Mico Leão Dourado, Projeto Integrar/Alimentação, Coalizão Rio Vivo, Fauna Amiga, entre outros. Mas é necessário que exista um intensivo treinamento de educadores no planejamento, desenvolvimento, avaliação e documentação dos projetos e seus resultados para que se possa incrementar o apoio financeiro e sistematização de uma metodologia eficaz.

 

Justifico minha preferência  por ter acompanhado desde o seu nascedouro o “Programa de Conservação do Mico-Leão-Dourado”.

 

Este Programa começou no início dos anos 70 através da cooperação entre o Smithsonian Institution / Zoológico Nacional de Washington, o IBDF – Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (atual IBAMA) e a FEEMA/CPRJ – Centro de Primatologia do Rio de Janeiro. Hoje, o compromisso entre estas instituições transformou-se num esforço interdisciplinar e internacional para preservar, proteger e estudar o mico-leão-dourado e seu habitat.

 

Identificando a deplorável situação do habitat natural da espécie, o IBDF criou em 1974 a Reserva Biológica de Poço das Antas, primeira Unidade de Conservação nessa acepção no Brasil.

 

A preservação de espécies como o mico-leão-dourado, cujo número de exemplares foi drasticamente reduzido em seu ambiente natural, requer a identificação de todos os fatores que ameaçam a sobrevivência da espécie. Usando uma técnica conhecida como PHVA - Population & Habitat Viabilty Assessment, que permite pesar o efeito de todos esses fatores nos próximos de 200 anos, o PCMLD estabeleceu as principais prioridades para salvar a espécie da extinção. Uma das conclusões do primeiro PHVA feito 1990, é que para considerarmos a espécie salva da ameaça de extinção, são necessários 2.000 micos-leões-dourados vivendo livres em, pelo menos, 25.000 hectares de florestas protegidas. Esta meta deve ser alcançada até o ano 2.025.

 

Cientistas, educadores, gestores públicos, conservacionistas e as comunidades locais trabalham juntos para compreender a biologia destes animais e a ecologia de seu habitat, aperfeiçoar o bem-estar em cativeiro e desenvolver programas de educação ambiental dentro e fora do Brasil, sob a liderança da Associação Mico-Leão-Dourado, criada em 1992, para assegurar a sustentabilidade ao longo prazo deste esforço.

 

A educação ambiental é uma importante ferramenta para o envolvimento das comunidades nas ações de conservação ambiental.  O Programa de Educação Ambiental desenvolve diversos projetos e atividades com o objetivo de informar, sensibilizar e fortalecer o envolvimento das comunidades, principalmente do público escolar a conservação da Mata Atlântica e de sua fauna.

 

A Associação trabalha da seguinte forma:

- Treinamento de Pessoal (estagiários e profissionais biólogos, zootecnistas, médicos veterinários, engenheiros florestais, agrônomos, geógrafos, engenheiros cartográficos, dentre outros);

- Execução de Projetos (Centro de Primatologia, Águas de São João);

- Divulgação de Informações (mapas, artigos científicos, resumos de teses, relatórios anuais, publicações, livros);

- Envolvimento do público (educação Ambiental, extensão ambiental, ecoturismo, políticas públicas, fortalecimento de ONGs);

- Manejo das Espécies e Habitat (reintrodução, translocação, corredores florestais, unidades de conservação, geoprocessamento).

 

Como remate, atrevo-me a ponderar que a luta pela não-extinção desse pequeno símius é apenas um fio da meada, onde no epicentro, encontramos a importância da preservação da Mata Atlântica, não apenas por sua harmonia, perfeição e beleza, mas também para impedir que se impossibilite a vida de grande parte da população brasileira, que vive na área original desse ecossistema.

 

A conservação de nosso ambiente não dependem somente das leis que tramitam no Congresso, mas, sobre tudo, dos cidadãos brasileiros no absoluto exercício de sua cidadania. Para que esse domínio seja eficaz, a educação ambiental  em projetos como o do "Mico-Leão-Dourado infere-se essencial, pois leva o indivíduo à conscientização da importância da conservação do ambiente natural, adquirindo uma visão crítica frente às suas próprias atitudes e, finalmente, seu dever e direito de cidadão quanto à fiscalização no cumprimento das leis existentes e regulamentação de outras.

 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

ASSOCIAÇÃO MICO-LEÃO-DOURADO.   Disponível:  https://www.micoleao.org.br/. Acessado em: 09 de fevereiro de 2011.

 

CARVALHO, Vilson Sérgio de. Educação Ambiental & Desenvolvimento Comunitário.  Rio de Janeiro: Wak Editora, 2002.

 

__________________________.  Caderno de Estudo: Educação e Meio Ambiente. AVM (Instituto A Vez do Mestre), Rio de Janeiro, 2011.

 

OLIVEIRA, Paula Procópio de & GRATIVOL, Adriana Dautd. Conservação do Mico-Leão-Dourado: Enfrentando os Desafios de uma Paisagem Fragmentada. Editora da Universidade do Norte Fluminense Darcy Ribeiro: Campos de Goytacazes, 2008.