CONDICIONAMENTO OPERANTE
Em tempos pretéritos, os pesquisadores acreditaram que a aprendizagem ocorria tão somente através dos processos de condicionamento. Embora esses processos sejam fundamentais, pesquisas recentes afirmam que a aprendizagem pode ocorrer através das mais variadas formas.
De qualquer forma, o condicionamento é uma forma básica de aprendizagem que envolve uma resposta simples ou uma série complexa de respostas a determinados estímulos. Esse processo é vinculado ao Behaviorismo ou Comportamentalismo, abordagem psicológica que vislumbra o comportamento animal e humano apenas como reações observáveis de forma direta, enfatizando a aplicação rigorosa do método científico ao estudo dos fenômenos psicológicos.
São dois os principais tipos de condicionamento: Condicionamento Clássico (estudado e desenvolvido pelo fisiologista Ivan P. Pavlov) e o Condicionamento Operante (criado pelo psicólogo norte-americano Burrhus Frederic Skinner).
No condicionamento clássico pavloviano, um estímulo conhecido é associado com uma resposta em condições de reforço. A resposta comportamental é suscitada por um estímulo observável específico (comportamento respondente). Pavlov inferiu que um estímulo incondicionado associado a um estímulo neutro passa a ser condicionado. Aproveitou-se da característica que o canino (Canis lupus familiaris) apresenta de salivar quando vê seu principal alimento (carne) e realizou sua clássica experiência: um cão em jejum que, antes do condicionamento, salivava ao estímulo incondicionado da carne e não reagia diante do estímulo neutro da campanhia; depois da apresentação simultânea e repetida dos estímulos "carne e campainha", passa a reagir à apresentação isolada da campainha (reflexo psíquico ou salivação psíquica). Cumpre-se ressaltar que o cão, preso no laboratório, não pode senão responder quando o pesquisador lhe apresenta o estímulo, ele não pode agir por conta própria para assegurar o estímulo.
Já o condicionamento operante, objeto principal dessa pesquisa, é o método instrumental de condicionamento sistematicamente investigado por Skinner e ainda hoje é aplicado nos domínios da Psicologia da aprendizagem, da emoção e motivação. Trata-se de um comportamento voluntário, daí o termo "operante", pois destaca o papel ativo do sujeito. Ele ocorre sem nenhum estímulo externo observável, a resposta do organismo é aparentemente espontânea. Na verdade, o condicionamento operante é um conceito psicológico que trabalha sobre a ideia de reforço ou reforçamento (processo positivo ou negativo que faz com que a probabilidade de uma resposta aumente ou diminua em circunstâncias respectivamente semelhantes). Para que esse tipo de condicionamento opere, é necessário que o organismo seja estimulado pelas consequências positivas e negativas de seu comportamento.
Para comprovar sua teoria, Skinner realizou seus experimentos em ratos, num ambiente que ficou conhecido como: "Caixa de Skinner". Em seu interior, o rato (por conta própria) tem que pressionar uma barra para receber comida. Ele não irá receber nenhum alimento enquanto não pressionar a barra e, assim, "operar" no sistema. Depois de algum tempo, após pressionar a barra casualmente e receber os grão de ração (o reforço), o condicionamento ocorrerá rapidamente. Observe-se que, o condicionamento do rato (pressionar a barra) significa o seu agir sobre o ambiente, sendo este, o instrumental na garantia do alimento. A variável dependente dessa experiência é a taxa de resposta (registrador acumulativo ligado à Caixa de Skinner que acompanha quantas vezes o rato pressionou a barra).
A partir dessa experiência básica, Skinner derivou sua "Lei da Aquisição", segundo a qual: "a força de um comportamento operante aumenta quando ele é seguido pela apresentação de um estímulo de reforço". Importante observar que a palavra-chave é o reforço. O autor acreditava que o comportamento operante é muito mais representativo na aprendizagem humana do que o condicionamento respondente, muito embora, no mundo real, o reforço nem sempre é consistente ou contínuo, mas, mesmo assim, a aprendizagem ocorre e os comportamentos persistem, ainda que reforçados intermitentemente.
Pelo exposto, infere-se que os trabalhos de Skinner influenciaram profundamente os educadores, posto que os procedimentos de recompensa e castigo, tradicionalmente usados, ganharam o aval da pesquisa científica e se impuseram no dia-a-dia educacional. O rato de Skinner procurava comida, a criança está permanentemente procurando afeto, aprovação social, atividade física, atividade mental. O adulto tem seus objetivos específicos. Aos objetivos correspondem os estímulos, que podem, se aplicados convenientemente, funcionar como reforçadores de respostas que desejamos ver emitidas mais frequentemente pelo sujeito. Assim, agimos ou operamos sobre o mundo em função das consequências que nossa ação cria. O estímulo de nossa ação está em suas consequências.
